
A espinha dorsal da noite é a Via Láctea, via norteadora do céu, que sustentava o mundo do divino, a abóbada celeste e mantinha a integridade do chão e das coisas deste mundo. As constelações parecem desenhar-se à sua volta e emergir da sua totalidade imensa de estrelas. Hoje, os zigurates foram destruídos e as chamas consumiram as antigas cidades, os homens vivem em grandes cidades de betão e de cinza e o seu conforto passa por coisas fáceis e acessíveis, não depende dos astros para prever o futuro. Então, sabendo ele destas tecnologias e geração após geração, deixou de lidar com o céu. Tendo-o esquecido, deixou de se saber orientar porque há quem se oriente por ele. O Homem é tecnológico, o que é uma maneira preguiçosa e perigosa de se desapaixonar pelos segredos e mistérios. Hoje o tempo é surpreendentemente finito e as suas escalas encurtadas pelo ritmo da vida ocupada. O Homem pouco sabe do seu lugar no cosmos, e pouco sabe este sobre o Homem. Sempre foi assim, mas agora é a inutilidade que se compôs de justificação.
(Fonte da imagem: Kerry-Ann Lecky Hepburn)
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