A Cassiopeia é uma constelação de origem muito antiga, remontava aos gregos clássicos (tendo sido classificada e incluída por Ptolomeu no seu catálogo), sendo hoje uma das 88 constelações em que está organizada a abóbada celeste.

Cassiopeia. (Fonte: Wikimedia)
A lenda da Cassiopeia é a de uma rainha cuja beleza não lhe diminuía a arrogância tendo afirmado ser mais bela que todas as ninfas do Oceano. Estas, zangadas por tamanha ousadia vinda da parte de uma mortal, foram queixar-se a Poseídon que enviou um monstro marinho (a Baleia - também uma constelação) para as costas do reino de Cefeu (o rei) e de Cassiopeia. Para apaziguar o monstro marinho, Cefeu consultou o oráculo de Delfos e este informou-o de que a única forma de impedir a destruição generalizada seria o sacrifício da sua própria filha, Andrómeda, ao monstro marinho. Andrómeda foi, então, acorrentada a uma rocha perto do mar como forma de sacrifício ao monstro, porém foi salva por um jovem herói, Perseu. Foi com este jovem que acabou por se casar. Todas estas figuras mitológicas foram 'colocadas' ou visionadas nos céus pelos gregos antigos e Cassiopeia figura como uma rainha sentada no seu trono a contemplar a sua beleza através de um espelho. O mais caricato é que todas estas constelações (Cassiopeia, Cefeu, Andrómeda e Perseu) partilham áreas contíguas no céu, somente a Baleia ocupa uma posição mais austral.
De facto, a constelação da Cassiopeia é uma constelação circumpolar norte, o que significa, em termos práticos, que para a maioria dos observadores das latitudes médias do hemisfério norte, que as suas estrelas nunca se põem abaixo do horizonte. Assim, a rotação da Terra durante uma noite cria a sensação de que as mesmas circundam o pólo celeste norte. A constelação do Cefeu também é considerada uma circumpolar norte, mas Andrómeda e Perseu (principalmente esta primeira) são associadas às constelações de Outono, exactamente por atingirem o seu zénite (ponto mais alto no céu, imediatamente por cima do observador) durante esta estação.
A constelação contém duas estrelas de grande brilho na Galáxia: (ρ) Rho Cassiopeiae e V509 além de a estrela (ε) Eta Cassiopeiae, a qual é considerada um gémeo solar devido ao facto de apresentar características muito semelhantes às do sol (ver o post sobre Tau Ceti).
Eta Cassiopeiae ou η Cas é um sistema binário composto por duas estrelas: uma semelhante ao sol (tipo espectral G2) e outra estrela anã laranja localizado na nossa vizinhança galáctica: está a 19.4 anos-luz do nosso sistema solar. Eta Cassiopeiae também é habitualmente denominada de Achird e tem sido alvo de vários programas de pesquisa científica, como o SETI ou para o futuro conjunto de telescópios espaciais destinados a encontrar planetas terrestres em torno de outras estrelas. Devido à estabilidade das órbitas entre as duas componentes do sistema e às características da estrela principal é de afirmar que Achird poderá conter um planeta com características semelhantes à da Terra.
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Rho Cassiopeiae (ρ Cas / ρ Cassiopeiae) encontra-se a 11'650 anos-luz e é cerca de 550 000 vezes mais luminosa do que o sol, apresentando um diâmetro de 450 o do Sol. Trata-se de uma das estrelas mais brilhantes da Galáxia com uma magnitude absoluta de -7.5. A zona habitável do sistema solar (i.e. onde os planetas podem desenvolver condições similares às da Terra) encontrar-se-ia a 450 UA da estrela (ou seja 450x mais distante do que no nosso Sistema Solar), o que é, na falta de melhor palavra, incrível. Esta estrela é também extremamente rara uma vez que se trata de uma hipergigante amarela (actualmente apenas se conhecem 7 estrelas deste tipo). A estrela é instável pois apresenta erupções em intervalos de 50 anos, sendo que no último acontecimento (2000 - 2001) perdeu 3% da sua massa (o equivalente à massa de 10 000 Terras). Durante estes fenómenos a sua luminosidade oscila entre 4,5 e 6 (magnitude aparente) sendo sempre visível, com maior ou menor dificuldade. Esta instabilidade é sinal de um acontecimento estelar importante que pode vir a suceder: a supernova (a morte estelar).

A constelação da Cassiopeia como pode ser observada no céu nocturno. As principais estrelas encontram-se nomeadas bem como o asterismo em W que define de forma marcada a imagem da constelação. (Fonte: Autoria do blog)
A Cassiopeia também possui 2 objectos de Messier (catálogo realizado pelo astrónomo francês Messier para distinguir os objectos do céu profundo de cometas periódicos): Messier 52 e Messier 103, este último localizado a cerca de 8'000 anos-luz da Terra. Ambos tratam-se de enxames estelares abertos. Na Cassiopeia encontram-se os restos da explosão de uma estrela, uma supernova (também, neste caso, denominada de estrela de Tycho) que foi observada em todo o mundo durante o ano 1572. Esta supernova foi descrita por Tycho Brahe (importante astrónomo dinamarquês).

Enxame estelar aberto Messier 52. (Fonte: Wikimedia)
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